Eva, a gratidão de um cão

Eva com dois meses de idade

Existem centenas de histórias semelhantes a esta. Provavelmente você conheça algumas. Relato aqui a história de Eva porque faz parte da minha vida.
Em 2006, depois de uma crise nostálgica, reencontrei alguns antigos colegas de ginásio com os quais mantive contato telefônico e por e-mail. Estudamos juntos no Colégio Estadual Alberto Levy na década de 70. Entre eles um velho amigo: Mario.
Mario e Isabel, sua esposa, fazem um trabalho muito bonito de resgate de animais de rua. Embora moradores de um bairro nobre de São Paulo, dedicam parte de seu tempo em pró dos seres mais humildes da criação: Nossos amiguinhos de quatro patas.
Não medem esforços em resgatar, cuidar e encontrar um lar para aqueles que a sociedade desprezou.
Em janeiro de 2007 uma nova fase teve início em minha vida. Após estar só por vários anos, casei-me pela segunda vez. Este foi um grande presente de Deus com desdobramentos incríveis, mas isso merece outro post no futuro.
No dia 29/01/2007, com menos de 30 dias de casado, recebi do Mario a seguinte mensagem por e-mail:
Tomei a liberdade de lhe enviar essa mensagem com um bom propósito.
A Eva (ou nome que você escolher) foi encontrada em uma caixinha de papelão, com outros filhotes, de baixo de chuva. Não posso ficar com ela porque já tenho 2 (duas). Ela é muito carinhosa e brincalhona. Garantimos muita alegria e amor incondicional para quem adotá-la.

Pago as vacinas e, se desejar, providencio a castração.
Venha conhecê-la, sem compromisso.
Mário

Conversei com minha esposa Rosa e resolvemos ir conhecer a Eva. Fomos recebidos com muito carinho pelo Mario, pela Isabel e por aquela bolinha preta, felpuda tão cheia de vida. Foi amor à primeira vista. Eva devia ter aproximadamente um mês de vida. A partir deste momento Eva passou a ser integrante de nossa família.
Pelas características físicas da Eva podemos deduzir a história de sua concepção: Parece-nos que uma fêmea de Schnauzer nascida em berço esplêndido andou “pulando a cerca” e namorando um vizinho não tão nobre. Os donos, literalmente racistas, não gostaram do resultado e cruelmente abandonaram os filhotes, ainda não desmamados, em uma caixa de papelão em frente a um pet shop.

Adotamos Eva e ela nos adotou. Começou neste momento uma relação, de dependência, de amor e de carinho. Dependência meio humana, meio animal. Meio animal porque brincamos como cães e lobos: “cabo de guerra”, esconde-esconde, lutas no chão e no sofá. Meio humana porque Eva participa de muitas das nossas atividades. Passeia conosco, visita nossos parentes e amigos, anda de carro e de moto. Embora tenha sua ração, sempre prova dos nossos alimentos. Eu faço de conta que sou cachorro e ela finge que é humana. Ela nos é inseparável.

Eva fica tão feliz quando nós voltamos prá casa após um dia de trabalho que ela pula quase três vezes a sua altura. Ela consegue, em um pulo, lamber o rosto da Rosa. Isto não é incrível? Parece que tem molinhas nos pés. Ela nos ama de verdade. É muito gratificante chegar em casa e ser recepcionado pela Eva com tanto carinho.

Em janeiro de 2010 passamos uns dias na praia. Ficamos em uma pousada. Eva nunca tinha ido. Foi conosco e ficou tão grudada comigo que até parecia minha sombra. Eu subia as escadas, ela também. Eu saia, ela também, sempre me seguindo. Até quando ia ao banheiro, ela ficava esperando na porta. Levantamos bem cedo e procuramos uma praia meio deserta com uma enseada cheia de rochedos e pedras. Estávamos despreocupados sentados nas pedras quando a Rosa resolveu nadar um pouco. Mergulhou e nadou em direção ao outro lado da pequena enseada. Quando Eva viu que sua dona estava se distanciando no

mar, desesperou-se e começou a correr, saltando de pedra em pedra e, quando percebeu que não iria alcançá-la pelas pedras, se atirou nas águas e se pôs a nadar em sua direção. Meus gritos nada adiantaram. Nadou bastante até que um banhista percebendo a situação pegou-a  e trouxe-a até as pedras onde eu estava.

Alegria pela chegada da Rosa

Eva é grata! Ela nos ama muito. A ponto de arriscar-se nas ondas do mar. Somos seus pais e irmãos já que foi separada de sua família legítima.
Eu e a Rosa somos gratos em primeiro lugar a Deus, depois ao Mario e à Isabel que foram instrumentos de Deus para nos presentear com a querida Eva.
Coincidentemente nossa primeira matriarca também se chamava Eva. Mas nossa Mãe Eva e seu marido Adão não mostraram gratidão Àquele que lhes deu a vida e um lar feliz. Mostraram desconfiança e não creram no Seu amor. Em decorrência desta ingratidão temos hoje um mundo também tão ingrato e egoísta, no qual cada um só pensa em si próprio.

Quem dera fossemos, como raça, assim tão gratos como um cão resgatado da rua. Mas o ser humano é prepotente. Acha-se auto-suficiente. Pensa que pode escrever e dirigir os “capítulos” de sua própria vida. Pobre ser humano. Continua a vagar pelos descaminhos de sua insolente arrogância, desprezando seu Criador, que é tão amoroso. Até quando? A vida na terra não é eterna! O que são setenta ou oitenta anos perto da eternidade?
Hoje devemos atentar para o amor de Deus e ser gratos por todas as bênçãos recebidas e, principalmente, por Jesus, o presente maior que o Criador poderia nos dar.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.“ (João 3:16)

Por Daril Simões

13 thoughts on “Eva, a gratidão de um cão

  1. Recentemente descobri que Eva é uma Schnoodle, isto é, um cruzamento de Schnauzer com Poodle. Ficamos muito felizes de saber um pouco da origem dela. Mas na verdade a raça não importa e sim que foi um presente de Deus e que nos dá muita alegria.
    Um abraço a todos

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  2. Acho que a minha Samira deve ser prima-irmã da Eva.Mestiça de Schnauzer parecidíssima com ela, só que eu a peguei de um protetor da zona leste.Tive uma vira-lata que morreu com 5 meses e no mesmo ano minha filhinha teve um surto de ansiedade.Resolvi procurar com ela uma cadelinha de rua com +- hum ano,ela quem escolheu a cadela e o nome o protetor pediu para que não mudasse.E ela reflete o nome:Samira – aquela que traz alegria.
    Aproveitando o espaço peço divulgação da “REDE BICHOS” ong que trabalha com resgate de animais de rua e constantemente precisam de ajuda,com hospedagem, ração, dinheiro para os custos médicos de cirurgias e remédios gastos com animais atropelados na av da morte SAPOPEMBA.Tenha RAÇA,adote um animal de rua.GRATA.

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    • Raquel obrigado pela visita. Volte outras vezes. Tudo indica que a Eva nasceu em dezembro de 2006. Agora ela tem 4,5 anos. Qual é a idade da sua. Quem sabe não são mesmo parentas (talvez até irmãs).

      Um abraço

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  3. Achei esse post, e acredite, eu não costumo comentar em posts, mas este realmente merece, que história linda, parabéns!

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  4. Muito linda a historia. Desejo muito felicidade para voces.
    Tenho uma pastora alemã linda que acolheu com muito carinho uma vira-lata que me seguiu durante as ferias que fiquei no sitio de meus pais. Nao resisti àquela carinha e a trouxe pra casa. Simplismente foi o destino que nos guiou. Hoje, depois de 2 anos, as duas sao o xodó da familia.
    Muito lindo esse amor tao puro que envolve esses animais.
    Tomei o ‘trabalho’ de upar tres das fotos das minhas ‘evas’.
    http://imageshack.us/photo/my-images/851/tuti.jpg/
    http://imageshack.us/photo/my-images/807/luab.jpg/ hora da soneca!
    http://imageshack.us/photo/my-images/62/tuti2.jpg/
    Abraços

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    • Obrigado Gabriela! Os animais, por sua humildade, fidelidade e amor, nos ensinam muito! Bom seria se o ser humano voltasse a esta simplicidade, fidelidade e amor. A natureza, quando não degradada pelo homem, reflete a glória de Deus.
      Obrigado pelas fotos. Felicidades também para você, família e os seus amiguinhos peludos! Deus os abençoe! Volte sempre!
      Daril

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  5. Linda história! Por coincidência, minha primeira cachorra também se chamava Eva.. e foi em sua velhice que percebi o quanto esses seres fazem da nossa vida mais feliz.. a minha Eva já partiu, e hoje, além de 2 gatos, tenho duas cachorras, uma delas eu resgatei na rua, atropelada por uma moto, com a patinha quebrada… tentou se esconder em uma banca de jornais, mas a dona da banca pegou uma vassoura para tirá-la de lá… tinaha apenas 4 meses, mas parecia um cão idoso, de tão judiada… enfim, hoje em dia ela está ótima, é o cão mais doce que já conheci, faz a alegria da casa, e parece me agradecer todos os dias por ter dado a aportunidade dela viver feliz e confortável junto comigo e com a minha família… a amo demais!!!
    Parabéns por sua atitude, curta cada momento com a sua peluda!

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    • Oi Tamires! Infelizmente aqui nesta terra a morte faz parte da vida e sempre nos traz alguma tristeza. Você perdeu sua Eva, mas Deus lhe deu outros amores! Quem observa a natureza, principalmente aos animais, entende melhor o amor de Deus. Eles são sempre gratos, não guardam rancor e sabem perdoar sempre!
      Obrigado por sua visita. Volte sempre. Felicidades com seus amiguinhos de quatro patas!
      Daril

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  6. Linda história e linda atitude de vcs em adotar um ser que precisa somente de amor ,eu tambem tenho 7 cachorrinhos que são parte da minha vida e sem eles eu não seria nada pois aprendi com eles o verdadeiro sentido do AMOR VERDADEIRO “DAR SEM NADA RECEBER”. um beijinho no coração de vcs e no da Eva.

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    • Obrigado Enilde! Volte outras vezes. Procuro comentar semanalmente algo bom sobre a vida, às vezes difícil, que levamos neste mundão de Deus!

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