Certa vez, na minha adolescência, vi meu pai chutando um gato que tínhamos em casa. Por não ter presenciado nenhuma “transgressão” do gato, perguntei: Pai, porque o senhor bateu no gato e o expulsou? Meu pai respondeu que quando um gato começa a se lavar, se ele olhar para alguém da casa e lamber os lábios, esta pessoa morre em poucos dias. Por esta razão toda vez que um gato começava a se lamber perto do meu pai, ele batia no gato. Seria um mau agouro por parte do gato! Meu pai permaneceu com esta e outras crenças supersticiosas até sua velhice quando, então, se converteu ao cristianismo e descobriu que isso tudo era uma grande besteira. Quanto estresse por nada! Quantos chutes nos pobres gatinhos! Isso sem falar no perseguido “pé de coelho”. Se pé de coelho desse sorte, os coelhos não seriam assassinados, pois cada um dos coelhos é possuidor de quatro pés de coelho.
Nós brasileiros somos um povo fortemente supersticioso. Está entranhado em nossa cultura. Por incrível que pareça, mesmo entre aqueles ateus declarados encontramos muitas crenças deste tipo.
Às vezes contenho o riso para não ofender ninguém, pois chega a ser engraçado. Por exemplo: Tenho parentes que se dizem ateus, mas não deixam de fazer suas “rezas” e seus rituais.
Por esta razão prevalecem no Brasil os cultos religiosos nos quais são utilizados elementos físicos em seus rituais. Historicamente este sincretismo religioso teve início com o catolicismo usando velas, santinhos, terços, água benta, bandeirolas de santos e amuletos contendo rezas e salmos (patuás). Daí, passando pelas “simpatias” o povo brasileiro, às vezes sem deixar o catolicismo, migrou para o espiritismo onde algumas alas valorizam fortemente os símbolos e amuletos ou guias.
Mais recentemente, nas ultimas duas ou três décadas, alguns grupos dentre os evangélicos descobriram o lucro potencial existente no sincretismo religioso brasileiro e passaram a travestir o seu proselitismo, importando símbolos comuns no catolicismo romano e nas religiões afro-espíritas. Assim nasceu o que eu chamo de Tolice Evangélica. Faço questão de grifar, pois se para os seus criadores é fonte de muita renda, para os seus praticantes é declaração de burrice e desconhecimento bíblico. Neste pacote estão, entre outros, os seguintes elementos: Água do Rio Jordão, Terra de Jerusalém, Óleo ungido, Rosa ungida, Chave da conquista, Tijolinho da fé, Arco da promessa, Lencinho abençoado, Porta da vitória. O número de símbolos é tão grande quanto a ganância e a criatividade de seus inventores. Termos como oração forte, que era um jargão do baixo espiritismo e do chamado “Livro de São Cipriano” já se ouve da boca de ministros evangélicos como se fosse linguagem bíblica. Lenços com o salmo 91 ou o 23 são distribuídos como se estes salmos tivessem um poder especial para proteger e abençoar os seus portadores. Diariamente recebo mensagens, via email, com os temas: Oração Poderosa, Corrente da Vitória e coisas afins. Pura tolice! Para não dizer coisa bem pior!
Mas como se posiciona o cristianismo bíblico neste assunto? Como devemos esperar que Deus nos ouça e nos auxilie em nossas necessidades e anseios? Como separar o que é pura superstição do que é legitimamente bíblico e, portanto, eficaz?
Creio que a resposta a estas questões deve passar pela seguinte consideração: O que é que queremos? Desejamos alcançar a Deus com nossas orações ou enganar nossas consciências?
Hipocrisia não conduz ninguém a Deus, pelo contrário a hipocrisia afasta-nos de Deus. Mas o que é que queremos?
Rituais repetitivos estão bem próximos das manias, sintomas de pacientes de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). São atitudes impulsivas que alimentam falhas programáticas em nossas mentes. Você conhece alguém com cacoetes? A pessoa que os tem não se sente bem enquanto não os pratica.
Temos nosso Pai nos céus, que é Deus. Ele está esperando nossas orações e não nossas manias. Oração é falar com Deus. Quando nasce um filho, os pais esperam pelo seu crescimento saudável. Aguardam com velada ansiedade que pronunciem suas primeiras palavras. Uma comunicação inteligente, ainda que balbuciem apenas um “Mama” ou um “Papa”. Assim também nosso Pai celestial espera uma comunicação inteligente da nossa parte. O relacionamento começa sempre pela intermediação de nosso senhor e salvador Jesus Cristo e não tem limites. Podemos rasgar nossos corações diante de Deus, pois Ele nos ama e deseja nos ouvir.
Somos filhos retardados ou o que? O salmo 23 ou o salmo 91 não tem um poder inerente como se fossem objetos mágicos. Como diria o Robin: “Santa ignorância Batman!” O poder do salmo 23 está não no salmo 23 propriamente, mas no que ele ensina. Só poderemos desfrutar do que o salmo tem de bom na medida em que vivermos o salmo 23. Afirmações como “O Senhor é meu Pastor e nada me faltará!”, “Ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte não temerei mal algum, pois Tu estás comigo!” e “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Senhor Onipotente descansará!” só serão efetivadas na vida daqueles que conhecem o Bom Pastor, daqueles que estão abrigados no “Esconderijo do Altíssimo” (e diga-se de passagem: Jesus é o “Esconderijo do Altíssimo”). Apenas um relacionamento verdadeiro com Deus, através de Jesus e o cultivo constante da oração poderão nos outorgar os benefícios do salmo 23 ou do salmo 91 ou de qualquer outra benção descrita na Bíblia Sagrada.
Cada uma das pessoas que recita centenas de vezes orações e mantras repetitivos, talvez tenha algum benefício mental, de relaxamento, de autossugestão ou coisa do tipo, mas isso não pode ser confundido jamais com comunicação espiritual com nosso Pai Celestial. Para se falar com Deus, precisamos usar palavras inteligíveis que brotam do coração, sejam verdadeiras e sinceras, pois Deus é Espírito e procura por aqueles que o adorem em espírito e verdade.
A quem é que queremos convencer ou impressionar com nossas praticas religiosas? As pessoas ao nosso redor? Aos nossos amigos? A sociedade? Ou a nós mesmos? Que tolice!
Certa noite, ao deitar, um garotinho orou em voz bem alta ao lado de sua cama: “Senhor, abençoa a mamãe e o papai e, Senhor, dá-me uma bicicleta nova.” Sua mãe entrou no quarto, puxou-lhe a orelha e lhe disse: “Filho, você não precisa gritar. Deus pode ouvi-lo se falar baixo.” O menino respondeu: “Sim, mamãe, Deus me ouve, mas a vovó não me ouvirá se eu não gritar!” Obviamente, o garoto não estava orando para Deus, mas esperava que sua vovó que estava em um quarto no final do corredor ouvisse sua oração e lhe desse de presente um bicicleta nova.
Não deixe que aconteça algo assim com você. Seja inteligente e humilde diante de Deus. A oração individual deve ser um encontro íntimo entre o Criador e sua criação. Objetos, ritos, patuás, rezas não tem influência nenhuma diante de Deus. Pense bem, se estas coisas valessem espiritualmente não seriam praticadas pelos ateus.
Deus nos ama e espera de nós um relacionamento inteligente, sincero e sério!
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:23-24)
D.S.
” O justo viverá pela fé”…”Sem fé é impossível agradar a Deus”….Somos salvos pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo e não pelas obras da lei…..Uma passagem bíblica ilustra muito bem a questão das crenças, rezas, ladainhas e coisas do tipo que se revestem apenas da tradição das diversas culturas humanas desprovidas da verdadeira espiritualidade. ” Esse povo padece por falta de conhecimento”. Todo conhecimento que precisamos para a vida espiritual como todos os indicadores para adquirirmos conhecimento para as coisas terrenas, temporais e seculares estão nas páginas do livro Sagrado. Todo o conhecimento científico nos mais diversos segmentos do saber, deriva dos ensinamentos básicos das Sagradas Escrituras. Existem outros livros, luzes menores, que levam para a Luz maior, que é a Palavra de Deus; mas nem uma luz menor, nasce, sem antes antes ser despertada ou derivada da Luz Maior. O que for escrito ou ensinado e não estiver em harmonia com os escritos canônicos, com a Palavra Soberana, proferida pela boca de Deus, não procede de Deus, e que não procede de Deus, não procede do bem!!!
Jorge Neves
jornalista
Mtb 38904
e-mail : imprensaneves@gmail.com
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Jorge, obrigado pela rica contribuição! Um grande abraço deste amigo!
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